Imagem da capelinha no Bezerral, Vilarinho.
Devoção Mariana em Portugal
O culto à Virgem Maria existe praticamente desde que se começou a prestar culto a Jesus Cristo (Duarte, 2014). Maria foi declarada “Mãe de Deus” no Concílio de Éfeso, no ano de 431 (século V), momento em que, segundo Carvalho (2013), foi colocada no centro da cristandade, proporcionando a sua progressiva adoração através de cultos e orações. A oração “Avé Maria”, conhecida na época medieval como “Saudação Angélica”, tornou-se conhecida a partir do século XIII, sendo, atualmente, a oração mariana mais conhecida em todo o mundo. Segundo Costa (1957), durante a Idade Média, a fé era vivida de forma intensa sendo a confiança, com a Virgem, ilimitada, pois Ela era a ligação de Deus com os Homens. Nesta época fixaram-se datas de festas no calendário litúrgico, foram criados hinos, construídas catedrais, igrejas e capelas, tudo em honra de Maria, “acentuou-se o fenómeno das aparições e multiplicaram-se os milagres e Cantigas de Santa Maria.” (Dias, 1987, p. 228).
Ao longo dos séculos XVI a XVIII, verificou-se uma sequência de acontecimentos históricos que enalteceram o culto à Virgem Maria. Entre 1545 e 1563, quando decorreu o Concílio de Trento, a Virgem Maria tornou-se o epicentro da cultura visual sendo representada conforme a sensibilidade e/ou cultura de cada momento ou grupo. O culto a Maria obteve o seu maior impulso, “generalizando-se o culto à Virgem Maria, vulgarmente designado como culto mariano.” (Carvalho, 2013, p. 127). Com a ascensão do protestantismo, houve uma reação por parte dos católicos que originou o aumento de práticas de culto a Nossa Senhora e a criação de mais festas a Ela dedicadas. Para além disso, segundo Dias (1987), em 1606, o Papa Clemente VIII instituiu a coroação de imagens de Maria e proclamou-a rainha de Portugal, Espanha e França.
Nota: Os cinquenta anos das Aparições de Nossa Senhora em Fátima (1967) contaram com a presença do Papa Paulo VI e as comemorações dos cem anos de Aparições (2017) foram presididas pelo Papa Francisco, que viajou como peregrino de Maria, seguindo o lema “Com Maria, peregrino na esperança e na paz”, tendo canonizado Francisco e Jacinta Marto. No ano de 2013, a pedido do Papa Francisco, a imagem de Nossa Senhora de Fátima foi levada para Roma para estar presente nas cerimónias de consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria. Em 1982, o Papa João Paulo II peregrina a Fátima para agradecer a Nossa Senhora o facto de ter sobrevivido ao atentado de que foi alvo no ano anterior, regressando novamente em 1991 e, mais tarde, em 2000, para beatificar os pastorinhos, Francisco e Jacinta Marto. Em 2010, Fátima recebe a visita do Papa Bento XVI. Tal com dizia o Papa João Paulo II, “«há alguns lugares, nos quais os homens sentem particularmente a presença da Mãe. Não raro estes locais irradiam amplamente a sua luz e atraem a si gente de longe. (…) Estes lugares são os santuários marianos». (Diocese de Bragança-Miranda, 2016, p. 36).
Mondim recebeu a imagem em 2015, num ambiente de grande festa e, um pouco por todo o concelho foram erigidas pequenas capelas, algumas até particulares, para a comemoração dos 100 anos das aparições.